Ao inclinar-se em reverência, não há Buda, não há você. O que acontece é uma
reverência plena, issoé tudo. Isto é nirvana. Ao transmitir esta prática a Maha
Kashya-pa, o Buda simplesmente apanhou uma flor, com um sorriso. Apenas Maha
Kashyapa entendeu o que ele quis dizer com isso – ninguém mais compreendeu. Não
sabemos se esse evento éhistórico ou não, mas ele tem um significado. É uma
demonstração do caminho da nossa tradição. Uma atividade que abarcatudo é a
verdadeira atividade, e o segredo desta atividade foi transmitido desde o Buda
até nós. Esta é a prática do Zen e não um punhado de ensinamentos dados pelo
Buda, ou algumas regras de vida estabelecidas por ele. Os ensinamentos ou as
regras devem mudar de acordo com o lugar e com as pessoas que os observam, mas o
segredo desta prática não pode ser mudado. É sempre verdadeiro.P ortanto, para
nós não há outra forma de viver neste mundo. Tenho isso como certo, e é fácil de
aceitar, de entender e depraticar. Se você comparar o tipo de vida baseado nesta
prática com o que está acontecendo no mundo, ou na sociedade humana, descobrirá
quão valiosa é a verdade que o Buda nos legou. É muito simples, e a prática é
simples também. Mas, ainda assim, não devemos desconsiderá-la; seu grande valor
tem que ser descoberto. Em geral, quando algo é muito simples, dizemos: “Ah,eu
sei disso! É muito simples. Qualquer um sabe”. Mas se não descobrimos seu valor,
nada significa. É o mesmo que não saber. Quanto mais você entende a sociedade
contemporânea, maisvocê percebe como é verdadeiro e necessário este
ensinamento.Em lugar de ficar apenas criticando sua cultura, você deve devotar
sua mente e corpo à prática deste caminho simples. Então, a sociedade e a
cultura se desenvolverão a partir de você. Talvez o fato de serem críticos seja
válido para aqueles demasiado apegados à sua cultura . Sua atitude crítica
indica que estão voltando à verdade simples deixada pelo Buda. Nosso
procedimento, entretanto, é apenas concentrar-nos numa prática simples e básica,
num entendimento simples e básico da vida. Nossas atividades não devem deixar
rastros. Não devemos nos apegar a idéias fantasiosas ou a coisas bonitas. Não
devemos ir em busca de algo bom. A verdade está sempre à mão, ao seu
alcance.
Daissen Zendô Porto Alegre - Sanga " Mente de Iniciante".
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
O que chamamos de “apego” são simplesmente esses rastrosdo nosso pensamento e
atividade.A fim de não deixar rastros ao fazer alguma coisa, você temde fazê-la
com todo o seu corpo e a sua mente; deve estar concentrado naquilo que está
fazendo. Faça inteiramente, como umaboa fogueira, e não como uma fogueira que
apenas faz fumaça.Você deve consumir-se por completo. Se não arder
completamente, rastros de você mesmo serão deixados naquilo que fizer.Ficarão
resíduos que não se consumiram. Atividade Zen é aquela que se consome
inteiramente sem deixar nada além de cinzas.Esse é o objetivo de nossa prática.
É isso o que Dogen quis dizercom: “Cinzas não voltam a ser lenha”. Cinzas são
cinzas. Cinzas devem ser cinzas. Lenha, lenha. Quando ocorre este tipo
deatividade, uma só atividade abarca tudo.Portanto, nossa prática não é uma
questão de uma ou duashoras, um dia ou um ano. Se você pratica zazen com todo o
seu corpo e a sua mente, mesmo por um momento apenas, isso é zazen.
Momento após momento você tem que dedicar-se à sua prática. Não deve ficar resíduo algum depois de ter feito algo. Mas isto não quer dizer que se deva esquecer tudo a esse respeito. Se você entender este ponto, todo pensamento dualista etodos os problemas da vida se dissiparão. Quando você pratica Zen você se torna um com o Zen. Não há você e não há zazen.
Momento após momento você tem que dedicar-se à sua prática. Não deve ficar resíduo algum depois de ter feito algo. Mas isto não quer dizer que se deva esquecer tudo a esse respeito. Se você entender este ponto, todo pensamento dualista etodos os problemas da vida se dissiparão. Quando você pratica Zen você se torna um com o Zen. Não há você e não há zazen.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
A maioria das pessoas tem idéias duplas ou triplas numa mesma atividade. Existe
um dito: “Caçar dois passarinhos com uma pedra só”.* Isso é o que habitualmente
as pessoas tentam fazer. Porque querem caçar pássaros demais, acham difícil
concentrar-se em uma só atividade e podem não caçar pássaro algum! Essa maneira
de pensar sempre deixa sombras na atividade dessas pessoas. Na realidade, a
sombra não é o próprio pensamento. Claro que muitas vezes é necessário pensar,
ou preparar-nos antes de agir. Mas o pensamento correto não deixa sombras.
Pensamento que deixa rastros provém de uma mente confusa e relativa. Mente
relativa é a que se estabelece a si mesma em relação a outras coisas,
autolimitando-se. É essa mente pequena que cria idéias de ganho e deixa
rastros.Se você deixar rastros de seu pensamento em sua atividade, ficará
apegado aos rastros. Você poderá dizer, por exemplo, “isto é o que fiz”. Mas de
fato não é assim. Rememorando o feito, é possível que você diga “eu fiz isto e
aquilo desse jeito”, porém oque você diz não corresponde ao que realmente
aconteceu. Ao pensar dessa maneira, você está limitando a experiência real do
que fez. Portanto, se você se apega à idéia do que fez, você está implicado em
idéias egoístas. Freqüentemente achamos bom o que fizemos, mas de fato pode não
ter sido assim. Quando envelhecemos, em geral ficamos orgulhosos daquilo que
fizemos. As pessoas acham graça quando ouvem alguém falando com orgulho de algo
que fez porque sabem que a memória dessa pessoa está sendo tendenciosa. Sabem
que o que a pessoa está dizendo não é exatamente o que ela fez. Além do mais, se
uma pessoa se orgulha do que fez, o orgulho vai criar-lhe problemas. Repetindo
suas lembranças dessa forma, sua personalidade irá se distorcendo mais e mais,
até se tornar uma criatura desagradável e teimosa. Este é um exemplo de como o
pensamento deixa rastros. Nós não devemos esquecer o que fizemos, desde que a
lembrança esteja livre de rastros adicionais. Deixar rastros não é o mesmo que
lembrar alguma coisa. É necessário lembrar o que fizemos, mas não devemos
apegar-nos ao que fizemos em nenhum sentido especial.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
“Sem Deixar Rastros” [TRECHO de "Mente Zen, Mente de
Principiante"]
Por Shunryu Suzuki
“Ao fazer alguma coisa você deve se consumir completamente, como uma boa fogueira, sem deixar rastro de si próprio.”
Quando praticamos zazen (meditação), nossa mente está calma e livre de complicações. Porém, normalmente está muito ocupada e emaranhada, e é difícil concentrar-se naquilo que se está fazendo. Isso acontece porque antes de agir pensamos e esse pensar deixa rastros. Nossa atividade fica ofuscada pela sombra de uma idéia preconcebida. O pensar não só deixa rastros ou sombras, também nos dá muitas outras noções sobre diferentes atividades e coisas. Esses rastros e idéias tornam nossa mente muito complicada. Quando fazemos uma coisa com a mente clara e livre de complicações, não temos idéias ou sombras, e nossa atividade é vigorosa e direta. Mas quando fazemos algo com uma mente complicada, isto é, envolvida com outras coisas ou pessoas, nossa atividade se torna muito complexa. (...)
Por Shunryu Suzuki
“Ao fazer alguma coisa você deve se consumir completamente, como uma boa fogueira, sem deixar rastro de si próprio.”
Quando praticamos zazen (meditação), nossa mente está calma e livre de complicações. Porém, normalmente está muito ocupada e emaranhada, e é difícil concentrar-se naquilo que se está fazendo. Isso acontece porque antes de agir pensamos e esse pensar deixa rastros. Nossa atividade fica ofuscada pela sombra de uma idéia preconcebida. O pensar não só deixa rastros ou sombras, também nos dá muitas outras noções sobre diferentes atividades e coisas. Esses rastros e idéias tornam nossa mente muito complicada. Quando fazemos uma coisa com a mente clara e livre de complicações, não temos idéias ou sombras, e nossa atividade é vigorosa e direta. Mas quando fazemos algo com uma mente complicada, isto é, envolvida com outras coisas ou pessoas, nossa atividade se torna muito complexa. (...)
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
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